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23.9.04

Sócrates: o melhor para o PS?

Retirei alguns excertos da entrevista de José Sócrates, candidato a secretário-geral do PS, ao Público/Rádio Renascenca/A 2:

"Mas de facto o PCP está num processo de imobilismo ideológico que é verdadeiramente prejudicial à democracia. Tinha o dever de fazer uma evolução ideológica. E isso dificulta as coisas, não há como disfarçar. Temos posições divergentes quanto à Europa e isso é uma questão central. E o mesmo se passa com as questões económicas."

"Isto é uma questão de respeito pela democracia, de escrúpulo democrático, e o PS sempre teve esta preocupação com a democracia. Sou a favor da despenalização do aborto, que dê a liberdade de escolha à mulher nas primeiras dez semanas e que o aborto seja legal no serviço nacional de saúde. Estive ao lado de Sérgio Sousa Pinto, fiz campanha pelo aborto. Mas tendo perdido nós o referendo, não estou de acordo em que desrespeitemos aqueles que votaram, dizendo que aquilo afinal não contou para nada e temos uma maioria no Parlamento e vamos mudar a lei. O que é feito do respeito pelo instituto do referendo? O que é feito do respeito pela própria democracia?"

Estas duas posições são correctas e positivas para um possível futuro Primeiro-Ministro. O PCP é, de facto, um partido atávico, que mantém um centralismo "democrático" anacrónico, que não se renovou apesar da queda do Muro de Berlim e do fim da URSS. É um partido moribundo, que definha, do qual se ouve já, de forma clara, o seu estortor. Não é adepto da União Europeia, e deixa dúvidas quanto à sua democraticidade. Quanto ao referendo do aborto, de facto parece-me razoável que, mesmo não tendo sido válido (por não atingir os 50% de votantes), a verdade é que a resposta democrática de quem votou foi no sentido do "não" ao aborto. Esteja-se ou não de acordo com este resultado, a verdade é que alterar este rumo sem pedir, de novo, a anuência dos portugueses seria um atentado à Democracia. Assim, alterar esta lei na "secretaria" (i.e., no Parlamento) seria errado. A solução terá de passar por novo referendo.

Por ser uma pessoa mais ligada à realidade, menos utópica e irrealista, e apresentando propostas concretas (discorde-se ou não delas) ao contrário de ideias etéreas e abstractas, é o melhor candidato à liderança do Partido Socialista.

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