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24.9.04

O Código da Vinci, de Dan Brown



Há autores que fazem isto: inventam histórias, ou pegam em pedaços de história dispersos, moldam-nos à sua maneira, e escrevem um livro. Por vezes entranham o seu espírito de tal forma na “história” que passam a acreditar nela. Ou isso ou obrigam-se a si próprios a acreditar, de forma a tornar mais plausível o enredo procurando, com isso, que os holofotes da fama caiam sobre si. É claramente neste último caso que situo Dan Brown, e o seu “O Código da Vinci”.

O problema deste tipo de livros é tentar fazer passar a ideia de que o que se conta é verdade. Quando, factualmente, não é. Pior que isso é que os autores vendem essa ideia propositadamente. Felizmente que têm aparecido vários livros a contrariar muitos dos “factos” d’O Código da Vinci (um artigo na Visão desta semana faz cair alguns dos mitos). Mas é interessante ver como ruem facilmente algumas das “verdades” do livro. Por exemplo o Priorado do Sião não foi fundado em 1099. Foi registado a 7 de Maio de 1956. Assim, Leonardo da Vinci nunca poderá ter pertencido a nada parecido com o Priorado do Sião. Nem ele nem outros de quem muito se especula...

Mas o pior de tudo isto é o autor se basear nas histórias de uma mente diabólica, de seu nome Plantard (Dan Brown até usa este nome para uma personagem do livro...), e nunca o mencionar como criador da (louca) história. Este senhor, anti-semita, pelos vistos apoiante do nazismo (ele achava que a culpa da II guerra havia sido dos judeus...), tinha no seu currículo a criação de ilusões conspirativas acerca de uma série de assuntos. Foi ele o criador do Priorado do Sião, por exemplo, apesar de afirmar que esta ordem era muito antiga e pretendia repôr uma verdade ao Mundo: Jesus não era celibatário... afinal o objectivo (está escrito no registo da ordem) era “defender os direitos e liberdades dos lares em casa alugada”! Além disso dizia-se descendente dos reis merovíngios e queria instalar uma monarquia merovíngia.

Apesar desta divagação, fica a proposta de leitura do livro (ainda não o fiz, por isso não o coloco na rubrica “Vale a pena ler”, criada há minutos...), mas com a advertência: isto não é literatura histórica, isto é, sim, um romance conspirativo, o que faz toda a diferença.

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