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18.8.04

O populismo

Hugo Chávez venceu o referendo que o poderia remover do poder. Venceu o "não" - ou seja, o povo venezuelano optou por não destituir o seu presidente. Os EUA já aceitaram - como deviam - o resultado do referendo. Os observadores internacionais não detectaram irregularidades (apesar de contestadas pela oposição), e o referendo foi internacionalmente aceite.

Hugo Chávez é líder de um país que sofre de inúmeros problemas - sociais, económicos, culturais. Nos cinco anos que esteve no poder desgraçou a economia. Conseguiu alterar a Constituição, de forma a conseguir controlar praticamente tudo. Ele é hoje o "Fidel Castro" da Venezuela, um "ditador eleito", daí as reticências colocadas pelos países ocidentais, sendo os EUA os principais críticos do regime que se está a construir neste país sul-americano.

No entanto, muitos venezuelanos, em especial os pertencentes às camadas mais pobres, gostam de Chavéz. E por isso votaram a favor dele. E porquê? Porque votam eles em alguém que não retirou o país da miséria, antes pelo contrário: acentuou o atraso económico, o desemprego, toldou as perspectivas de futuro? A resposta é simples: populismo.

O Presidente venezuelano é um populista. O melhor exemplo foi o que se passou no último ano. Desde que soube que ia ser referendado, Chávez iniciou um imenso programa social destinado à escolarização dos mais pobres, instituiu programas de luta contra a fome, etc. Tudo isto com o dinheiro do petróleo (enquanto uns sofrem com o aumento do preço do crude, outros riem - os que o têm!). Chávez aumentou os gastos em programas socias, no último ano, de cerca de 18% para perto de 40% do PIB! "A economia que se lixe", pensará ele.

Isto é típico de regimes populistas: gastar tudo o que se tem para contentar o povo enquanto se depende de votos (independentemente dos défices, do descontrolo orçamental e económico, etc.); alterar a Constituição até se ter um poder eterno; depois, na falência económica e social, mantendo o povo pobre, analfabeto e desinformado, gritar contra os "inimigos do país" (aqui os capitalistas dos americanos); de seguida, ir mantendo o reinado eternamente. É isto o populismo.

Não é este o "populismo" de Santana Lopes (por cá felizmente o regime democrático está bem e recomenda-se). Ao pé de Chávez este "populismo" até perde a "graça". O verdadeiro populismo é isto que vigora na Venezuela. E este parece-me bem perigoso. Gostava de estar enganado.

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