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24.6.04

As voltas revoltas de Mercúrio

A revista Nature desta semana contém um artigo do português Alexandre Correia e do seu orientador de Doutoramento Jacques Laskar, intitulado "Mercury: Resonant with chaos". Um resumo do artigo, retirado directamente do site da Nature (infelizmente não se pode ler a versão integral, sem pagamento):

"For many years it was thought that Mercury must be tidally locked to the Sun, just as the Moon is tidally locked to Earth. In the early 1960s radio astronomers found that the dark side of the planet was too warm for it to be tidally locked, and in a classic paper published in Nature in 1965, Pettengill and Dyce used radar observations to determine the rotation rate of Mercury for the first time. Then the problem facing astronomers was how to explain the odd 3:2 resonance in the orbit: Mercury rotates three times on its axis for every two orbits around the Sun. Numerical models suggest that it is unlikely that Mercury could have been captured into this 'resonance' orbit from the start. Now Correia and Laskar show that a 3:2 resonance becomes the likely outcome if an element of chaos is introduced into the evolution of the orbit."

Normalmente os planetas (ou luas) iniciam a sua “vida” rodando a grande velocidade, e vão desacelerando com o tempo (a nossa Terra desacelera 2 milisegundos por século, ou seja daqui a uns milhares de anos o dia vai ter bastante mais que 24 horas!), por acção gravitacional da estrela que circundam. Chega-se a um ponto de equilíbrio, em que o período de rotação iguala o de translação. Este ponto já foi atingido pela maior parte dos satélites dos planetas do Sistema Solar, de que é exemplo a nossa Lua (tem um período de rotação igual ao de translação – 28 dias –, sendo essa a razão de nós vermos sempre a mesma face da Lua). O caso de Mercúrio é mais estranho. Atingiu o ponto de equilíbrio rodando sobre si 3 vezes enquanto dá 2 voltas ao Sol. A razão é explicada por este físico português (e o seu orientador francês): a resposta está na excentricidade da órbita do planeta sobre o Sol ou, por palavras mais simples, tem a ver com o tipo de elipse que esta órbita forma à volta do nosso Astro-Rei.

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