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6.10.03

Informalidades

Segundo a McKinsey, o problema de Portugal são as "informalidades". Tem de se concordar. De facto Portugal não é um país de gente formal. É pessoal que gosta de tratar dos assuntos informalmente (apesar de às vezes andar vestido formalmente...). Até a nossa burocracia é informal! Já a experimentaram?

E até os nossos ministros são informais. Ministros, e ex-ministros (agora). Pois é: o Pedro Lynce, nosso Ministro da Ciência e Ensino Superior, foi apanhado na teia da "informalidade". Tratou um caso excepcional (de uma excepcionalidade) de forma informal, e foi abaixo. Ele até nem estava a ser mau ministro. Gostei da atitude nas propinas: é bom que se descentralize, é bom que se deixem decisões importantes nas mãos dos orgãos universitários. É bom serem as Universidades a decidirem o valor das propinas. E o valor destas? É justo?

O valor mínimo das propinas ronda os 600€, penso que não chega a isso (mas não tenho a certeza absoluta do valor). Antes desta reforma o valor era menor, era o valor do salário mínimo. No entanto, não esqueçamos que um estudante, em média (tendo em atenção que a diferentes cursos correspondem diferentes custos), custa perto de 5000€/ano! Um valor de propina que é pouco mais de 10% deste valor é muito?

Como diria Einstein, é relativo. Para uma família que viva do salário mínimo, que tenha um ou mais filhos a estudar, é um encargo enorme. Por isso é importante que funcionem (como aliás parece acontecer) as bolsas para estudantes carenciados. Porque para os outros, que felizmente é a maioria, os que podem pagar, devem fazê-lo. E se calhar até se poderia ir mais adiante: distinguir valores de propinas em função de 1) custo aluno/ano por curso e 2) rendimento familiar. Assim, e começando de trás para a frente: (tendo em conta o ponto 2) anterior) quem pudesse pagava mais, quem não pudesse pagava menos (ou nada). Além disso, (tendo em conta o ponto 1) anterior) as Universidades que apostassem em cursos de custos mais elevados, receberiam mais. Talvez desta forma acabasse a enorme oferta de cursos baratos, que não são necessários em tanta quantidade (por exemplo Direito) e houvesse maior oferta nas áreas de maior necessidade: Tecnologias da Informação e Comunicação, Medicina, etc.

Mas com a informalidade que vinga neste país, com as "cumplicidades" dúbias dos nossos governantes, com as "cunhas" que ainda são o melhor currículo que se pode arranjar, torna-se muito complicado crescer como país.

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