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30.6.03

Desabafos, da Vida

Parece, por vezes, que a Vida nos prega partidas. Mas não prega, de facto. Nós é que andamos desatentos. Devíamos-Lhe tomar mais atenção.

Andamos desatentos com o trabalho, com o estudo, com as notícias, com o dia-a-dia. Com tudo. Menos com a Vida. E a ironia é que A estamos a viver, não é? Mas a verdade é que Ela passa o tempo todo ao nosso lado. Dela respiramos, ouvimos, falamos, sentimos, reclamamos, amamos... Sem Ela não havia trabalho (verdade), estudo (verdade), notícias (verdade), dia-a-dia (verdade). Mas Ela não é isso. Não. Ela é tudo isso, o que é absolutamente diferente.

A Vida não é o normal. A Vida não é o que se espera. Ela mudou ontem, está a mudar hoje, mudará amanhã. E só se vive a Vida se aceitarmos isto. Senão então somos apanhados desprevenidos.

Precaver é simples. Basta estar atento. À Vida...

Ouve o que se passa ao teu lado. Ouve o desabafo, o desalento, o desaforo. Ouve o suspiro, o desgosto, o agouro. Ouve. E sente. E fala. E sente. E grita.

Se não fizeres isso, as ruas ínvias da Vida passam-te ao lado. E, com elas, tu próprio. E tua Vida.

"O nosso azar é não termos tantos deficientes quanto precisávamos"
Inês Pedrosa, Expresso

Um grande abraço aos nossos campeões!

16.6.03

Reformar Portugal
"O facto básico é que, enquanto que os países mais desenvolvidos têm médias de 12 a 14 anos de escolaridade na sua mão-de-obra, Portugal tem apenas cerca de 7,5"
"(...)é necessário introduzir exames nacionais exigentes a diversos níveis de ensino, um esquema de avaliação periódica de professores, esquemas remuneratórios que dêem incentivo à melhoria pedagógica do professor"
"Temos que avaliar as escolas regularmente"
"As universidades têm de ser verdadeiros centros de ensino e investigação, com autonomia administrativa. A todos os níveis é necessário promover a descentralização e a responsabilização pelos resultados"
"O pessoal tem de estar nas escolas a ensinar, e não em gabinetes a controlar não se sabe bem o quê"
"Deve dar-se prioridade às escolas profissionais e o ensino politécnico tem de ser reconduzido ao seu papel de formação tecnológica virada para as necessidades locais [Nota: Ver exemplo da Escola Superior do Norte, parte da Universidade de Aveiro]"
Abel Mateus, in "Reformar Portugal: 17 Estratégias de Mudança"

12.6.03

Somos todos pescadores
Hoje questionei a legitimidade democrática da União Europeia. Espero não me tornar Eurocéptico, mas é algo que pode acontecer, se continuarem a prosseguir as políticas impositivas por meio do centralismo de Bruxelas. Não se pode aceitar que um qualquer comissário austríaco, que pelos vistos pouco sabe das realidades luso-espanholas, queira acabar com a pesca portuguesa, dando de mão beijada aos espanhóis a maior parte da nossa costa.

É um verdadeiro ultraje, que um senhor não eleito afronte as decisões de goverantes democraticamente eleitos pelo nosso povo. Vivemos em democracia. A União Europeia é composta de 15 (quase 25) países democráticos. E tende a tornar-se uma instituição não-democrática. Temos de lutar contra esta situação, custe o que custar.

5.6.03

Ditadura mediática
É obrigatório ler o último post do JPP no seu blog. Vivemos, hoje, felizmente, numa democracia. Mas só mesmo a nível político. E porquê? Porque o (cada vez mais) primeiro poder (sim, já não é quarto), controla completamente a desinformação que hoje lemos nos jornais, revistas, etc.

O caso do PÚBLICO de hoje (meu jornal de referência há anos) é paradigmático desta situação triste. A tendência dos media de serem tendenciosos (reparem q tomam sempre partido por uma das partes, o que é o completo antagonismo do que devia ser a sua prática) é verdadeiramente notável, no mau sentido. Somos hoje subjugados por desinformação que - e sem ironias - controla as nossas mentes. Queiram ou não, é a verdade. Os media portugueses, neste aspecto, são completamente iguais a cadeias informativas como a Al Jazira, de que tão mal se falava na altura da guerra no Iraque. A verdade é que vivemos numa ditadura... mediática.

[soltem os cravos. Queremos revolução e liberdade... outra vez]

3.6.03

(começo por pedir desculpa pelo tempo que estive "calado"...)
Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre nas vossas veias sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!

José Régio

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