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23.7.04

Cabo Verde (com saudade de Carlos Paredes)
 
Vou, pela primeira vez, baixar da latitude 39ºN... vou até lá abaixo, à latitude 15ºN. Terra da Morna. Terra de Cesária Évora. Terra do funaná. Terra da cachupa.

Depois conto.

PS: Carlos Paredes resolveu deixar-nos. Deu-nos "verdes anos". Obrigado!

22.7.04

Comentário aberto ao "estikelapisse"
 
Acrescentei, há dias, a hipótese de deixar comentários aqui no blog. Infelizmente ontem mexi nos "Settings" para me aventurar em novas experiências, e parece que apaguei os primeiros, sem sequer os ler na web (felizmente os li no e-mail, onde também recebo). De entre os não-anónimos, chegou-me um de alguém com o nick "estikelapisse".  Devo-lhe um pedido de desculpas, mas não o fiz por mal. Foi o azar de ter feito comentários na altura em que eu estava a "explorar" as novidades disponíveis no blog.

Faço, assim, o mea culpa, e espero que o "estikelapisse" continue a enviar os seus comentários, aceitando o meu pedido de desculpas. Depois da sua resposta irada - mas carregada de razão - resta defender-me acentuando o meu maior apreço por todas as opiniões, que ouço e leio com atenção e respeito - sempre! Por isso não tenho pejo em me considerar um democrata e um defensor da liberdade de expressão - mesmo que em relação a opiniões radicalmente diferentes das minhas.

PS: Acho que, no entanto, há limites que julgo um administrador de blog deve fazer cumprir: não tolerarei faltas de educação, que apagarei se surgirem - apenas como respeito devido aos possíveis futuros leitores. (atenção que isto não é nenhum recado para o "estikelapisse" nem para qualquer outro dos comentandores anónimos, que pautaram as suas intervenções com respeito. Por isso até lhes peço que reponham os seus comentários apagados, se assim o entenderem)

21.7.04

Dúvidas prementes
 
Porque é que o novo Governo de Portugal, liderado por Santana Lopes, coloca especialistas de determinadas áreas em ministérios de que não são especialistas? Ou pior: em que não se reconhece qualquer ligação às mesmas...

Porque vai Fernando Negrão ocupar o Ministério da Solidariedade Social, e não o da Justiça, por exemplo?

Porque vai Nobre Guedes ficar com a pasta do Ambiente, ainda para mais quando tem ligações contra-indicadas no sector da água?

Porque é que ficam políticos em pastas que exigem especialização e ficam especialistas em pastas políticas? (Telmo Correia, por exemplo)

Último e mais inquietante: porque é que Bagão Félix, especialista na área da Solidariedade e Segurança Social, e um dos melhores ministros do anterior Governo (nessa pasta), vai pegar nas Finanças? Porque não se apostou na sua continuidade no Ministério que conhece melhor, para dar estabilidade a esse importante sector? Penso que Bagão Félix tem qualidade e capacidade para pegar na pasta das Finanças com todo o aprumo, mas as dúvidas em relação a este Governo - na sua generalidade - permanecem.

O partido maioritário da coligação fica sem as pastas mais importantes. Só falta mesmo  entregar o lugar de Primeiro-Ministro...


20.7.04

JPP e a ignorância dos media
 
Pacheco Pereira fala, no Abrupto, da "ignorância da comunicação social sobre o mundo universitário e científico". Transcrevo parte do post:
 
"(...)outro, a ignorância da comunicação social sobre o mundo universitário e científico. Um dos efeitos daí decorrentes é que se sabe sempre quem são os gestores que vão para os governos e se ignora sempre quem são os universitários. De uns, há sempre filmes e fotografias; de outros, nem o nome certo se conhece."
 
E tem toda a razão.
 
Este é, no entanto, apenas um exemplo. A rapidez exigida pelos media, juntamente com a falta de formação (geral) dos portugueses (onde se incluem, naturalmente, os que comunicam a informação) faz-nos deparar com uma série de erros absolutamente inaceitáveis. Outro exemplo são os constantes erros ortográficos (e gramaticais, e sintácticos, e semânticos) encontrados em jornais de referência. Nenhum escapa, por isso por hoje não procuro exemplos.
 
O povo criou um provérbio inteligente: "Depressa e bem, não há quem".
 
E tem toda a razão.


Afinal, é ou não é ubíqua?
 
Já não escrevo aqui no blog há mais dias que o desejável. Em especial porque tenho tido ideias, vontade, fulgor. E que me falta, então? Acesso ao espaço virtual...
 
Leio desde os meus tempos de universidade que a Internet tem o dom da ubiquidade. Foram dezenas e dezenas de livros (verdade!...) em que lia "the Internet Protocol is ubiquitous" ou algo do género. Retirando a tralha técnica (assim esquecendo que só temos Internet em todo o lado devido a um condimento fundamental - o supracitado Protocolo Internet - IP, já ouviram falar?), a verdade é que me garantiam que a Internet estava em todo o lado. Mas porque não tenho eu tido hipótese de escrever no Diapasão? Porque não tenho tido acesso à net?
 
É que embora esteja mesmo em todo o lado - e cada vez mais - nem todos têm acesso a ela (ela, Internet...). Sinto a net na casa do vizinho, cheiro-a no café, instalada com WiFi, mas eu não a tenho. Pior: chego a casa, e nada! Falha na placa de rede? O servidor do 3º andar está desligado?
 
Não sei.
 
Sei sim que estou viciado. Sem ela é difícil. E é diferente.

14.7.04

SIDA

"Ouvimos falar muito de armas de destruição maciça. Ouvimos falar de terrorismo e preocupamo-nos com o seu potencial de matar milhares de pessoas. Aqui temos uma epidemia que mata milhões. E qual é a resposta?"

Kofi Annan lançou esta crítica na 15ª Cimeira Mundial da SIDA (ver aqui a notícia e aqui tudo sobre a conferência). E tem toda a razão no que diz. O Mundo debate-se com imensos problemas, mas infelizmente nem todos são vistos com a mesma preocupação. De facto é notório que quando os problemas não nos batem à porta (a nós, povos de países desenvolvidos), temos a tendência de deixar as coisas andar, como se se resolvessem por si.

África é um problema grave, que diz respeito a todos. Mas nós ainda não o sentimos verdadeiramente na pele, e as ajudas que damos são sempre ténues. Passámos ao lado de um genocídio no Ruanda. Deixamo-nos agora ultrapassar por um previsível genocídio em Darfur, no Sudão. E os ataques terroristas que esta epidemia - a SIDA - têm provocado são atendidos com pouco vigor.

Os avanços científicos apresentados na 15ª Cimeira Mundial da SIDA são uma esperança para a resolução deste grave problema. É agora precisa a vontade da comunidade internacional (mais desenvolvida) para acudir a (mais) esta chacina. Porque já é tarde demais.

"Access for All" é o tema da Cimeira. É isso que se pede: acesso à prevenção e ao tratamento da SIDA. Para todos.

13.7.04

Presidente de todos os portugueses?

À questão: "É Jorge Sampaio o Presidente de TODOS os portugueses?" deverá a maior parte do PS responder que "sim, mas... é mais nosso!".

Enganaram-se.

12.7.04

Situação política

José Manuel Barroso
Findo o Euro 2004, mais um motivo de orgulho nacional. Durão Barroso, então Primeiro-Ministro (PM), era convidado para Presidir à Comissão Europeia (CE). Inegavelmente uma honra pessoal para o - agora - José Manuel Barroso, mas também nacional: um lugar como o de Presidente da CE é também uma "vitória" portuguesa. É também certo que a crise provocada por esta situação apenas pode ser imputada a uma pessoa: o próprio ex-PM. Mas pesando os prós e contras, parece-me que a crise poderá ser mitigada, aproveitando-se esta oportunidade de ter um português na mais alta instância europeia. Faço figas para que José Manuel Barroso se torne um novo Delors... para bem da Europa.

Santana Lopes
Finalmente Primeiro-Ministro! Não seria o lugar mais apetecível para Santana Lopes, é notório que ele preferia o lugar de Sampaio, mas de qualquer forma é sempre um grande salto para o ego de Santana. Tenho algumas dúvidas da capacidade do nosso novo PM em gerir um Governo. O populismo de Santana, em estreita colaboração com Paulo Portas, faz-me temer um ambiente de campanha partidária até 2006. Espero estar enganado. Mas os cartazes que pululam por Lisboa não são o melhor sinal. Esperam-nos cartazes "Já viu? Portugal está mais bonito!" por todos os recantos do país?

Jorge Sampaio
O nosso Presidente da República (PR) decidiu nomear um novo Governo, chefiado por Santana Lopes, como opção à dissolução da Assembleia e convocação de eleições antecipadas. Esta última solução, apoiada pelos partidos de esquerda que ansiavam agarrar o poder o mais depressa possível (colocando a sede de poder à frente dos valores democráticos que regem o nosso país), era claramente a que poderia provocar maior instabilidade e maior bloqueio ao nosso - ainda ténue - crescimento económico. Felizmente o bom senso de Jorge Sampaio falou mais alto, e o nosso PR optou por seguir a sua (boa) consciência democrática e constitucional. Como hoje bem dizia Luis Salgado de Matos, no PÚBLICO:

(...)diz a teoria weberiana do "cesarismo democrático": nas eleições para a Assembleia, elegemos o César que dirigirá o governo. O César era o dr. Barroso. Se o César sai, temos que eleger outro. Esta teoria é o único argumento sério a favor da dissolução. Acontece, porém, que a Constituição portuguesa a condena, atribuindo a orientação política aos partidos por meio de deputados.

Este parágrafo ilustra claramente a situação actual. O PR viu bem que:

1. Temos uma maioria parlamentar estável;
2. O novo Governo garante a manutenção das políticas sufragadas em 2002;
3. Uma legislatura dura 4 anos, e só deverá ser quebrada se houver motivos claros de possível instabilidade política, e tal não existia neste momento.

Assim, apesar de Sampaio não apreciar Santana Lopes, ele fez o que o nosso regime constitucional prevê. Atendendo que seria lídimo convocar eleições, tem de se ver a Constituição como um todo, e a leitura desse todo faz pender claramente a balança para a solução assumida pelo PR.

Retirando o dramatismo da generalidade da esquerda em todo este processo, em especial as posições do PS de Ferro Rodrigues (tudo vergonhoso: a demissão do secretário-geral, a inefável Ana Gomes, o "mau perder" generalizado - como se tudo isto fosse um jogo...), a crise actual parece-me que irá ser resolvida entretanto. E o PS até pode ter a sorte - que seria importante para o país - de escolher um Secretário-Geral que o permita fazer uma verdadeira oposição ao nosso Governo.

Assim, temos até 2006 para ver a performance do novo Governo e de Santana Lopes. E teremos também a oportunidade de ver um novo (espera-se) PS. No fim de tudo isto, parece-me que o nosso regime democrático deu um passo positivo numa situação de crise. O que é de saudar.

6.7.04

Tróia

A paixão de um Príncipe de Tróia com uma Princesa Grega (de Esparta) iniciou uma guerra que acabou com Tróia. O invencível Aquiles parecia imortal, até lhe acertarem no calcanhar... Calcanhar de Aquiles, Cavalo de Tróia... muita história do início da nossa civilização, num excelente filme de Wolfgang Petersen.

Deste filme, além do valor histórico, guardo uma lição de vida.

Aquiles (protagonizado por Brad Pitt) diz, a certa altura, à princesa grega prima do Príncipe Hector:

"Os Deuses invejam os Homens. Porque nós somos mortais. Não sabemos se este dia vai ser o último, e isso torna cada momento mais especial."

Sendo imortais, saberíamos que qualquer momento poderia ser repetido no futuro, perdendo muita da graça que a singularidade causa. Como mortais, cada dia que vivemos, cada momento que partilhamos, pode ser o último. Amanhã podemos não mais ver o pôr-do-Sol, o bramir do mar, o sorriso confidente. Por isso a Vida se tem de viver hoje, cada momento é único e irrepetível - portanto maravilhoso.

Assim, a lição de vida: Carpe Diem...

5.7.04

Sophia

"Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta.
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta"


“Dia do Mar”
Sophia de Mello Breyner
(1919 – 2004)

1.7.04

Cassini Huygens chega a Saturno

A sonda Cassini Huygens chegou hoje a Saturno (ver aqui). São maravilhosas as imagens que nos chegam.

O "senhor dos anéis" dos planetas do Sistema Solar, como com graça lhe chamou Clara Barata, jornalista do Público, vai agora ficar a ser mais conhecido. Este é o planeta que mais fascínio tem provocado, desde os tempos de Galileu, por causa dos bonitos anéis de gelo que o envolvem, anéis esses que podem trazer muita informação acerca do início do Sistema Solar (é que tudo começou assim, numa roda viva de matéria à volta do Sol...).

Titã, a sua enorme lua, pode também fornecer interessantes detalhes para perceber o crescimento da nossa Terra (é curioso que se vá tão longe para conhecer o nosso passado - ironias da Ciência). O módulo Huygens (europeu, enquanto o módulo Cassini é americano) vai aterrar (correcção, "atitar"(?)) nesta lua - será também a primeira vez que o Homem chega a um satélite de outro planeta.

Há curiosidades engraçadas em relação a Titã. Como esta lua tem metano líquido, pensa-se que poderá chover metano, mas a chuva (se cair) é muito lenta por causa da baixa gravidade de Titã. Outra coisa engraçada é que os vulcões de Titã, se os houver, jorrarão água. Seria engraçado viver num Mundo onde os vulcões jorram água e a chuva cai, serena e calmamente...

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